Tem 45 anos, 29 de profissão: nos jornais, na televisão pública e agora na privada TVI. Sempre a partir do Porto, cidade que não troca por outra, muito menos por Lisboa, onde, diz, os profissionais beneficiam mais do compadrio do que do mérito. Júlio Magalhães, jornalista, acaba de publicar o seu primeiro romance e não descarta a política.
O F.C.Porto foi eliminado esta semana da Liga dos Campeões. Quanto tempo dura o mau humor de uma derrota?
Até à próxima Liga dos Campeões.
Custa-lhe mais ver o F.C.Porto perder um jogo ou Pinto da Costa perder em tribunal?
Ambas. Há um empate.
No seu recente 45º aniversário, Valentim Loureiro ofereceu-lhe um bilhete para a Festival Erótico de Gondomar. Usufruiu do presente?
Não. Ainda sou muito novo para frequentar essas coisas.
Narciso Miranda também esteve presente na sua festa. Pondera apoiá-lo na recandidatura a Matosinhos?
Nunca apoio nenhum político.
Mesmo sem apoio, Rui Rio é a sua aposta para o Porto?
Moro em Gondomar.
Dá-se bem com a maioria dos autarcas do Grande Porto?
Dou-me bem com toda a gente, em todas as áreas. Tenho muitos amigos. Não lhes devo nada, nem eles a mim.
É verdade que, de certa forma, se apaixonou pelo professor Marcelo?
Não. Gosto é de pessoas com opinião. E ele é um homem com opiniões: umas certeiras, outras nem por isso. E outras condicionadas.
Ele conta com o seu voto, caso decida candidatar-se às eleições presidenciais?
Não. Abstenho-me sempre nas eleições. Acredito nas pessoas; não nos políticos. Os que querem chegar à presidência não o fazem para se ocupar das pessoas.
Mas já o ouvi dizer que também não exclui da sua vida, a vida partidária, não já?
Vida partidária está fora de causa, porque não acredito nos partidos. Agora, vida política, embora não esteja nos meus horizontes, pode acontecer, um dia. Já fui convidado várias vezes.
Ainda acha que a RTP é “muito politizada”, sem exigência, nem qualidade?
Não. Quando saí da RTP disse isso e fui criticado. Mas o tempo provou que eu tinha razão. Entretanto, a RTP mudou. Continua a ser uma estação pública, condicionada, mas com mais qualidade, mais independente e com futuro assegurado se não tivermos mais governos totalitários.
O Governo condiciona a Comunicação Social em geral?
Não condiciona; tenta condicionar. Às vezes, consegue.
Com a transferência de Nuno Santos da RTP para a SIC, perde mais a estação pública ou ganha mais a privada?
Vai perder mais a RTP...
É o rosto da TVI em horário nobre, a partir do Porto – o que é raro. Nunca teve a tentação de ficar em Lisboa?
Não tive, não tenho, e nunca vou ter. Os lugares em Lisboa são mais consequência de uma política de proximidade, amizade e compadrio do que propriamente de mérito. Disse sempre que ia provar que o contrário é possível e acho que o tenho conseguido.
Foi mais difícil adaptar-se a Lisboa, saído do Porto, ou ao Porto, saído de África?
Ao Porto, claramente. Lisboa, hoje, tem tanto frio como o Porto. Aliás, há mais calor no Porto.
Quando surge na TVI a cantar, fá-lo porque gosta realmente ou cede em nome do que a sua estação precisa?
Gosto de me divertir, de divertir as pessoas, de viver a vida, que é só uma. Não sei cantar, mas arrisco, porque entendo que a televisão é um entretenimento e gosto de participar. Isso nunca afectou a minha carreira profissional.
Acaba de publicar o seu primeiro romance. Está definitivamente na moda os jornalistas escreverem romances?
Está. Mas também é uma consequência do facto de sermos jornalistas. É uma extensão da nossa actividade. E é um acto de liberdade. Todos podem escrever.
Acha mesmo que quem escreve um SMS também escreve um livro?
Acho. Mesmo.
Isso não faz de si um leitor pouco exigente?
Não. Desde que nascemos até que morremos todos podemos escrever, nem que seja uma história banal.
Continua a jantar com colegas à segunda-feira?
Há 20 anos, oito pessoas.
E falam de quê?
De tudo: desporto, política, pessoas, intrigamos, fazemos tudo.
Tem inter-rail marcado para os 50 anos. Vai substituir o comboio por uma low-cost?
Não! Só faz sentido ir de comboio. Será um regresso ao passado. A diferença é que desta vez vou levar a família toda.