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Domingo, 25 de Maio de 2008

Maria Rueff: "Vou perder a vergonha de desrespeitar a lei do fumo"

Maria Rueff já passou horas a fio encafuada num estúdio de gravação, já atravessou o trânsito de Lisboa em hora de ponta, já embalou a filha, já tem o cansaço do corpo na voz, quando, noite adiantada, aceita ainda responder à entrevista. A actriz, que completa 36 anos no dia da criança, é exemplar único de humor feminino em Portugal, mas a única coisa que ela deseja é que haja lugar para todos.

 

 

O que guarda da recente viagem de José Sócrates à Venezuela?
Como também sou fumadora, acho que vou perder a vergonha de desrespeitar a lei em alguns sítios...

 

A mediatização do fumo atrás da cortina no avião é a prova de que Portugal é país de fait-divers?
É, infelizmente. Tem a ver com um nosso lado terceiro mundista.

 

É difícil para a ficção competir com a realidade?
Muito difícil. Mas sempre foi. Em qualquer parte do mundo. A realidade é muito mais engraçada do que qualquer coisa que se possa criar. O humorista capta apenas um ou dois frames engraçados. A “Liga dos Últimos” [programa desportivo da RTP] é um extraordinário exemplo de um programa de humor involuntário.

 

Qual é o político que faz maior concorrência desleal ao humor?
Neste momento, diria que é não haver Esquerda e Direita. O país diluiu-se todo um bocadinho, os padrões estão todos misturados, é difícil ter uma opção válida.

 

As manicures Denise e Delfina [rúbrica de Maria Rueff e Ana Bola na TSF]  passam o tempo a bisbilhutar. Também aprecia um momento de má língua?
Não é má língua só porque sim. Há alguma coisa de pedagógico na caricatura. Qualquer português gosta de alfinetar o outro – e a realidade. Mas eu tento ser má língua também comigo própria. Também me ponho em causa.

 

O que bisbilhotariam sobre a confirmação da passagem por Portugal dos aviões da CIA para Guantanamo?
Encolheriam os ombros. Sentiriam que aconteceu sempre na História –  não só em Portugal.

 

Acha que elas dariam razão ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, quando ele diz que Portugal “não recebe lições de ninguém em matéria de direitos humanos”?
Aí, não me ponho na pele das manicures. Portugal -  o que muito me honra -, foi dos primeiros países a abolir a pena de morte. Em matéria de direitos humanos, o nosso credo é muito idealista e muito perfeito em algumas coisas. Dai à realidade vai um abismo. Cabe-nos a nós, cidadãos, diariamente tentar fazer-lhe justiça.

 

Nicolau Breyner apadrinhou Herman José que, por sua vez, apadrinhou a Maria. Quem é o seu afilhado? Nuno Lopes?
[Risos] Sei lá! O Nuno estreou-se no “Programa da Maria”, escolhi-o num casting. Mas não gosto nada da conotação dessa ideia de padrinhos e afilhados. O Nicolau reparou no talento do Herman; o Herman reparou no talento que eu possa eventualmente ter; e eu reparei no talento do Nuno. Mas não nos devemos nada un saos outros, no sentido em que não temos de eternamente beijar a mão ao padrinho e pedir a benção.

 

A Maria é a natural herdeira de Herman ou, neste caso, a sucessão é de registo monárquico: ainda falta nascer o varão?
Não acho nada que tenha que nascer o homem ou a mulher. Gostava de viver num país em que pudessem conviver vários talentos ao mesmo tempo. Quando me estreei, era sempre comparada com o Herman. E agora há esta coisa dos “Gatos”. Deixem que todos convivamos ao mesmo tempo, porque todos nos respeitamos e admiramos muito. Ao mesmo tempo e neste tempo. Quando nascer o próximo, espero que possa existir pelo facto de estarmos vivos. Esperro que este país evolua como Inglaterra, onde existem vários programas de humor e todos têm público em simultâneo.

 

Foi maior o desafio de criar uma prostituta afável [“A passagem da noite”, de Luís Filipe Rocha] ou o Zé Manel taxista?
Tudo o que criei foi desafiante. Não faço distinção entre um texto de Shakespeare e de Herman. Ambos são obras-primas que merecem a minha entrega a 100%
.

 

Mas o Zé Manel é o seu personagem de estimação?
Da mesma forma que Tintin o foi para Hergé, a ter que escolher um, seria ele. Se as minhas personagens fossem heterónimos, talvez ele fosse o mais conseguido.

 

Zé Manel é mais benfiquista do que Ricardo Araújo Pereira?
Teve-me como mãe, a dar-lhe corpo e ao Ricardo como pai, a dar-lhe voz e  texto. É natural que tenha herdado esse lado do pai.

 

É verdade que foi inspirado num trolha de Alfama que fez obras em sua casa?
[Risos] É verdade. Nunca mais voltei a encontrar o senhor, mas agradeço-lhe eternamente a inspiração.

 

Manuela Moura Guedes alguma vez lhe falou da sua Micaela?
Todas as pessoas caricaturadas foram sempre muito gentis comigo, porque são todas inteligentes. Não tenho nada a apontar.

 

A obsessão de comparar “Os Contemporâneos” [RTP1] com os “Gato Fedorento” é um elogio, um insulto ou ignorância?
Falta de referências. No outro dia, um crítico do “Público”, que a obrigação de conhecer o humor que se faz em Portugal, escreveu que o Nuno Lopes faz um extraordinário Ricardo Araújo Pereira (RAP). O Nuno, desde 2001, fez 500 mil bonecos, desde o Tino de Rans ao marco do Big Brother e, depois, os personagens do C.R.E.D.O, no Herman. É inacreditável que as pessoas tenham feito tábua rasa de tudo o que se construiu. Além disso, o Ricardo escrevia para o Nuno e para o “Programa da Maria”. Eu própria já li que o sotaque que, às vezes, uso, é para imitar o Ricardo. É sinal de enorme falta de cultura. Sou das primeiras fãs dos “Gato Fedorento” e da escrita deles. Mas isto é muito triste. Não se faz isso aos grupos de música. Ninguém diz que os Clã imitam os Rádio Macau. Cada humorista tem a sua sonoridade. Todos  tivemos referencias e, em última instância, elas passam, obviamente, pelo Herman. Ou seja, está tudo um bocadinho fora do sítio.


Nos fóruns da internet, ninguém ousa  apontar-lhe o menor defeito, mas há-de ter alguns...
Claro. Tenho um lado preguiçoso, teimoso. Sou demasiado perfeccionista, o que é contraproducente porque  ninguém atinge a perfeição. E sou muito nervosa. Estou a tentar ser mais condescendente. E mais calma.

 

É melhor sucedida a embalar a sua filha ou a fazê-la rir?
Isto de ser mãe é das coisas mais difíceis que existe. Se um personagem sai mal, paciência; mas educar um ser humano é tão fundamental que tudo o que todos os dias lhe dou espero estar a dar bem. A semear bem. Seja adoemecê-la ou a fazê-la rir. Um dia, ela responderá. Amor dou-lhe com certeza.

 

A dupla que faz com Bruno Nogueira está mais próxima da harmonia Fred Astaire-Ginger Rogers, da contradição Abott-Costelo [Bucha e Estica], ou justiça D. Quixote -Sancho Pança?
Se se referisse ao Herman, com quem empralhei durante três anos, diria que temos as vertentes dessas duplas todas. Com o Bruno tenho essa harmonia. Eu deslizo nos pés do Bruno. Ele trouxe tanta harmonia e calma à minha vida – na vida e não só enquanto colega -. que só posso escolher o par da dança Ginger e Astaire.



publicado por JN às 02:52

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