tags

todas as tags

links

posts recentes

Manel Cruz: "Continuaremo...

Maria Rueff: "Vou perder ...

Miguel Relvas: "Seria imb...

Teresa Caeiro: ""Fui ensi...

Diogo Infante: "Boato de ...

Ana Drago: "Beleza não é ...

Odete Santos: "Fazer as c...

Pedro Paixão: "Democracia...

Rui Zink: "Sou a favor do...

Adolfo Luxúria Canibal: "...

Carlos do Carmo: "Façam p...

Nuno Artur Silva: "PSD pr...

Júlio Magalhães: "RTP tem...

Bruno Nogueira: "José Sóc...

Mário Dorminsky: "Lisboa ...

Valter Hugo Mãe: "Há cria...

Anabela: "Seria um desafi...

António Barreto: "Se eu m...

José Luís Peixoto: "Queri...

Marcelo Rebelo de Sousa: ...

Carlos Pinto Coelho: "Qua...

António Pedro Vasconcelos...

Isabel Pires de Lima: "So...

Isabel Jonet: "Sócrates l...

Falancio e Neto: "Pacheco...

Vicente Jorge Silva: "Gos...

Luísa Mesquita: "Durão Ba...

Margarida Vila-Nova: "Ant...

Carlos Fiolhais: "Sampaio...

Edson Athayde: "António G...

Rodrigo Guedes de Carvalh...

Mário Claudio: "O Porto e...

Ana Gomes: "Uso o que for...

Carlos Magno: "Cavaco que...

Paulo Brandão: "Não sou u...

Guta Moura Guedes: "Não t...

Júlio Machado Vaz: "Nada ...

Vasco Graça Moura: "Marqu...

António Nunes: "Os portug...

Eduardo Cintra Torres: "O...

João Fernandes: "Permita-...

Joe Berardo: "Não sou tão...

Fernando Alvim: "Gosto de...

Pedro Santana Lopes: "Cad...

José Cid: "Tenho melhor c...

Francisco Moita Flores: "...

Miguel Ângelo: "Só em Por...

Nuno Cardoso: "Um tacho n...

Alfredo Barroso: "A Direi...

José Eduardo Agualusa: "N...

pesquisar

 

Junho 2008

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


arquivos

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

subscrever feeds

Sexta-feira, 31 de Agosto de 2007

Mário Claudio: "O Porto está desmoralizado e isso é desmoralizador"

 

Helena Teixeira da Silva

Homem do Porto e dos poucos que, em Portugal, passeia pelos géneros literários todos, da mais irreal ficção à mais leal biografia. Mário Cláudio, 66 anos, responde à entrevista por telefone, ao fim da tarde. Abdicará de qualquer afirmação, menos de uma aquela em que elogia Miguel Sousa Tavares.

 

Qual é a sua expectativa política para a rentrée?
Vamos continuar a assistir ao crescimento do prestígio do presidente da República e à progressiva degradação do Governo que temos.

Portugal está cada vez mais perigosamente perto dos países da América Latina?
Gostaria de lhe dizer que não - mas não posso. Só o facto de fazer a pergunta já significa algo de muito triste para todos nós.

O Porto é cidade desmoralizada ou desmoralizadora?
Neste momento, é exactamente as duas. Desmoralizada, porque está sem alma. Desmoralizadora porque as expectativas, a curto prazo, da recuperação dessa alma parecem-me pouco prováveis.

Amanhã, há a expectativa de que a cidade receba 600 mil pessoas para assistir à Red Bull Air Race. Deixa seduzir-se por estas manifestações?
De maneira nenhuma. Mais uma vez, estamos perante uma declinação do fenómeno circo, que é sempre uma das grandes armas que o Poder utiliza para tapar qualquer outro protesto que possa afectá-lo. Manifestações dessas - eloquentes mas vazias - só servem para aumentar o fosso entre o que é a cultura e o espectáculo.

Ser actor político é uma ideia que o cativa?
Seria num país diferente; neste não.

Não se imagina, portanto, como vereador da cultura?
De forma nenhuma. Sentir-me-ia de certeza muito frustrado. Seria um homem de cultura num meio absolutamente anticultural.

Alguém que gosta tanto de cães, de que forma castigaria os portugueses no ano em que mais abandonaram animais de estimação?
Abandonava-os. Quem abandona um cão é capaz de abandonar uma pessoa. Manifesta profundo desprezo pela vida e por si próprio.

Um escritor é um exilado?
Tem que ser. Se não tiver esse estatuto, perderá o privilégio do escritor, que é reflectir sobre um todo do qual se sente dissociado.

É tão barroco na sua vida como é na escrita?
Absolutamente. As pessoas mais próximas queixam-se disso. Procuro corrigir na medida em que isso as possa magoar. Mas é, sem dúvida, uma característica da minha natureza que não abandono.

De que figura, também distinguida com o Prémio Pessoa, se sente mais próximo?
De todos. Mesmo daqueles com os quais não coincido no gosto ou nas opções ideológicas. Não é disso que se trata. Trata-se de celebrar a harmonia de pessoas que, vivendo neste país, são capazes de o transformar em algo melhor.

A facilidade que existe hoje em publicar o que quer que seja traz pessoas para a literatura ou pode irremediavelmente afastá-las?
Traz pessoas para a compra do livro, o que é diferente. A inflação da escrita, muitas vezes irresponsável e vazia, poderá contaminar as pessoas e levá-las a pensar que a literatura é uma actividade como outra qualquer - e não é.

Muitos dos seus antigos alunos continuam a tratá-lo por professor. Como gere essa relação?
Não gosto de ser colocado no púlpito; sinceramente, gosto de estar de igual para igual. Não me agrada nada que me atribuam uma distinção de tratamento quando a relação já é de afectos.

Afirmou numa entrevista a Miguel Sousa Tavares que "não há passado; apenas presente, porque no presente tudo se cristaliza". Faz 'delete" a tudo o que já passou?
Pelo contrário. Recupero o passado como presente. Mas fico satisfeito que tenha referido o Miguel Sousa Tavares. Quero dizer que é um grande jornalista, um escritor esplêndido e um homem que nos dá uma grande lição de coragem ao colocar-se de fora do que é a vida literária portuguesa.

Isso é uma resposta a Baptista Bastos, que disse que ele "não existe como escritor"?
Não. Tenho por ambos um afecto muito grande e não quero estar no meio de uma disputa que haja entre os dois. São duas personalidades sedutoras, prestigiantes e prestigiadas.


publicado por JN às 03:31

link do post | comentar | favorito