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Sábado, 11 de Agosto de 2007

Rui Moreira: "Rui Rio poderia tirar a maioria absoluta ao PS"

 

 

Helena Teixeira da Silva

Não pode responder, está na Turquia. Não pode responder outra vez; está em Palma de Maiorca. À terceira foi de vez. Ficaram gravados, numa sala da Bolsa, 22 minutos de conversa com Rui Moreira, 52 anos, presidente da Associação Comercial do Porto. As opiniões mais contundentes ficaram à porta do Palácio. E do gravador.

 

Sente que é o homem mais desejado da cidade, neste momento?

Mais desejado? Não. Sinto que sou, se calhar, um presidente da Associação Comercial do Porto mais polémico do que os últimos. À parte isso, não tenho de mim essa ideia de um excessivo protagonismo.

 

Foi a figura mais votada no blog “Portistas de bancada” para suceder a Pinto da Costa. Encara a direcção do FCP como uma possibilidade?

Todos nós, quando éramos crianças - pelo menos os adeptos do Porto - sonhávamos ser jogadores do Porto. Como já não tenho idade para isso…

 

Tem idade para ser dirigente…

Se calhar…

 

Ou a Câmara é um desafio mais apetecível?

Não, não. De certeza que não.

 

Fala-se recorrentemente dessa hipótese e nunca disse um rotundo não…

 

Nunca devemos dizer um não absoluto às coisas. Ciclicamente vêm notícias sobre essa matéria. Não temos que as rejeitar totalmente. Não devemos fazer afirmações das quais mais tarde nos possamos arrepender. Podemos sempre arrepender-nos de um não muito profundo.

 

Um dos nossos últimos primeiros-ministros, Pedro Santana Lopes, foi, também, comentador desportivo. É essa a sua escalada?

Mas esse acabou depressa. Portanto, essa escalada foi um bocado como os picos da Europa. Acho que não é por aí.

 

Em 2004, disse que não recomendaria a Pinto da Costa candidatar-se à Câmara do Porto. Recomendaria o contrário: Rui Rio para o FCP?

Só se fosse candidato à presidência do Boavista. E o João Loureiro está lá muito bem.

 

Disse, na mesma altura, que a cidade não aguentaria mais quatro anos com Rui Rio. Enganou-se.

Enganei-me. De vez em quando, engano-me.

 

E o país, acha que aguentará Rui Rio se ele quiser ser primeiro-ministro?

Esta tinha sido uma boa oportunidade e ele, pelos vistos, não vai avançar. Acho que Rui Rio e, se quiser, José Pedro Aguiar Branco, ao não aparecerem como uma terceira via do PSD, vai fazer com que o país, provavelmente, vá continuar nas mãos de José Sócrates por mais algum tempo.

 

Via-os como uma alternativa credível a este Governo?

Acho que sim. Dentro do PSD poderiam ser a alternativa para tirar a maioria absoluta ao Partido Socialista. Da forma que as coisas estão, não me parece provável.

 

Foi uma oportunidade perdida para Rui Rio?

Foi.

 

Toda a gente ouve falar de si, mas ninguém sabe realmente o que faz. O que faz?

Tenho negócios na área da navegação e, também, negócios imobiliários - neste momento fora de Portugal. Praticamente, não tenho negócios aqui. Além disso, sou pai de família, tenho dois filhos e levo uma vida perfeitamente normal. Como qualquer portuense, passeio, ando muito pela cidade e acho que há imensa gente que me conhece, por acaso.

 

Numa entrevista recente, disse que ser presidente da Associação Comercial do Porto é “um acto de generosidade cívica”. Não acha que lhe ficou mal a agressividade com que o afirmou quando o cargo é, também, uma forma inevitável de posicionamento social?

 

Só o disse porque há muita gente que está convencida de que ganho aqui um ordenado fantástico. Muita gente que acha – basta ler os blogs - que sou o tipo que está aqui a ‘orientar-se’. Mas admito que a frase não me saiu bem. Eu também não gostei. Não era bem o que queria dizer. Uma das minhas preocupações enquanto cá estou, e quando sair, é pensar em quem vai suceder-me.

 

Porquê?

Porque este é um cargo que, desde que vim para cá, ficou com maior visibilidade política, que me ocupa 50% do tempo e que, ao contrário do que as pessoas pensam, não é remunerado. Criou-se em Portugal a ideia de que as pessoas só estão nos lugares por dinheiro. E não é verdade. Há pessoas que fazem sacrifícios, embora com gosto. Jorge Sampaio [ex-presidente da República] é disso exemplo. Ele era um advogado de sucesso. Esta ideia transversal que existe na sociedade portuguesa de que todas as pessoas metem-se nas coisas só para se ‘orientarem’ tem que ser esclarecida. E é curioso porque a própria pessoa que estava a entrevistar-me achava que eu ganhava 1500 contos por mês.

 

Parece estar a tornar-se num daqueles especialistas em tudo: economia, obras públicas, comércio, indústria. Tem necessidade de ir a todas?

 

Já li isso também, e já fui mesmo acusado de ser peripatético, ou seja, os filósofos que andavam a vaguear e sobre tudo tinham opiniões. Eu tenho as mesmas opiniões que toda a gente tem. O meu motorista tem imensas opiniões sobre futebol, trânsito, construção civil. Não me considero especialista em nada dessas coisas, a não ser numa: em transportes. Aí sou, porque tenho feito por aí a minha vida e tem-me corrido bem em termos de negócio. Agora, acho normal que as pessoas dêem opinião sobre a cidade onde vivem. Dou opinião sobre o trânsito porque embirra-me que algumas posturas municipais sejam pouco lúcidas. Isso não faz de mim um especialista. Mas quando dou opiniões, gosto que me ouçam.

 

Sentiu-se um salvador da pátria no dia da publicação do livro sobre a OTA?

Não, nada. Aliás a minha participação é mínima e datada. Nem acho que o meu texto seja o mais interessante. O António Barreto tem lá uma coisa muito bem escrita

 

Escreveu, no Público, uma espécie de tratado sobre o nacionalismo, que definiu como “doença infantil da humanidade”. Nunca se deixa levar a não ser pela razão?

 

Deixo, claro, imensas vezes. Era um tratado irónico por causa da selecção nacional. Claro que, às vezes, sou levado pelo amor, pela emoção, coisas que não têm nada a ver com a racionalidade. Não sou até muito racional.

 

Ia perguntar-lhe se a racionalidade é uma coisa que se interioriza no Colégio Alemão…

Andei lá muito pouco tempo. Acho que fui posto fora por causa disso. Só frequentei até à terceira classe.

 

Mas o que faz o colégio à cabeça das pessoas para que sintam tanta necessidade de citar a passagem por lá?

Fazia, não sei se ainda faz. Havia uma formatação em termos de disciplina que não era vulgar na sociedade portuense. Não é um mito, é verdade. As pessoas que lá andaram ficaram com esse carimbo e, além disso, gostam de gabar-se disso – é um facto. Eu não posso, porque fui expulso.

 

Porquê?

Não fui propriamente expulso. Julgo que recomendaram aos meus pais que eu deveria sair porque não iria ter grande sucesso. Depois andei sempre nos liceus.

 

Era bem comportado?

Não, não era lá muito.

 

É curioso, atendendo ao seu visual “betinho”. É uma imagem que gosta de cultivar?

A minha namorada diz-me que cultivo isso. No entanto, já tive uma discoteca, saio à noite, gosto imenso de brincar. Quando vim para cá precisei dessa capa. Nessa altura [2001], saiu esta notícia no Expresso: “Rui Moreira, filho de empresário com o mesmo nome – o meu pai já tinha falecido, mas tudo bem - empresário da noite, é presidente da Associação Comercial do Porto”. Compreenderá que, numa associação destas, vetusta, uma pessoa tenha que vestir um bocado a bata do colégio.

 

É por causa dessa bata do colégio que as revistas cor-de-rosa gostam tanto de si?

Não gostam. A última vez que saí, foi uma chatice. Foi a propósito do baile, aqui no Palácio da Bolsa. Soube e fui comprar. Fiquei um bocado enfurecido com as coisas que lá saíram.

 

De que é que gosta nessas revistas?

De nada. Não as leio. Nunca dei nenhuma entrevista para lá.

 

Descobriu a sua vocação de actor no sketch dos Gatos Fedorentos sobre o FCP?

Não. Achamos só que devíamos fazer aquilo e que acho que correu bem.

 

Não é uma forma de alimentar a ideia de que o Porto é uma cidade de cromos?

Sou muito autocrítico em relação ao Porto. A cidade está cheia de cromos.

 

Vê-se como um desses cromos?

De vez em quando, sim. Depende dos dias. E das noites.

 

Frequenta a blogosfera?

Todos os dias visito alguns blogs que aprecio particularmente. Um é “A baixa do Porto”, que é muito interessante: pelas pessoas que lá participam; pela forma como os textos são filtrados e por não haver comentários. Gosto muito de blogs onde não há comentários, sobretudo anónimos. O grande risco dos blogs é tornaram-se num zapping maldizente. Mas sempre que dizem mal de mim, vou lá e respondo. Houve um blog que disse que eu era o “Castelo Branco do Porto”. Escrevi para lá a dizer que, em primeiro lugar, não sou Castelo Branco e, depois, não sou homossexual. Não é que tenha grande problema com isso, mas de facto não sou. Depois mandaram-me um mail a pedir desculpa. Critiquem-me pelo que quiserem, mas não por isso.

 

Mas porque é que tem tanta necessidade de se justificar?

Não justificar; é repor a verdade. Mas nem é só isso. Nos blogs tem que haver alguma contenção e alguma responsabilização. Vivi até aos 19 anos no 25 Abril. Antes disso, o boato era uma das maiores armas de destruição da sociedade portuguesa e muitos eram alimentados por razões politicas. É importante que o blog seja um acto de liberdade, mas não um boato. Por isso, sou solidário, como o meu amigo Miguel Sousa Tavares. Foi acusado num blog de plagiar e objectivamente não o fez. Li os dois livros e não reconheci o plágio. Se eu amanhã escrever um livro sobre D. Afonso Henriques, não estou a plagiar o professor Freitas do Amaral, que escreveu um livro sobre ele. Ainda que, provavelmente, vá falar também na Batalha de S. Mamede.

 

Que outros blogs frequenta?

O Blasfémias, por ser desorganizado; o Abrupto do Pacheco Pereira, ainda que hoje esteja mais pesado. E há um do Porto, de que gosto particularmente: o “Portistas de bancada”.

 

Da primeira vez que lhe liguei, estava na Turquia; da segunda a sair de Palma de Maiorca. As suas férias são às prestações?

Faço sempre muitas férias curtas. Não gosto de fazer mais de sete dias consecutivos, dez no máximo. Mas gosto imenso de fazer férias.

 

Mas nunca precisa de desligar a ficha?

Já desliguei uma vez, quando vendi uma empresa. Fui durante um mês e meio com meu filho mais velho para o Brasil. Mas, enquanto for presidente da ACP, é difícil fazê-lo. Estamos com obras no Palácio e não temos staff. Depois, estamos a fazer o estudo da Portela + 1 e tenho, também, que escrever nos jornais. Faço disso uma semi-profissão. Depois ainda tenho dois filhos de casamentos diferentes e uma namorada arquitecta que também tem montes de projectos para fazer.


publicado por JN às 03:56

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