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Quarta-feira, 1 de Agosto de 2007

João César das Neves: "O normal é polémico porque o aberrante tornou-se banal"

 

 

Helena Teixeira da Silva

Promete responder numa segunda-feira de manhã, e de manhã cedo as respostas foram entregues. João César das Neves, economista e ex-assessor de Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro, terá mais consciência do polémico que é, do que aquela que diz ter. Ao telefone, é irreconhecível: não podia ser mais cordial.

 

Acha realmente que os vídeogames, os desenhos animados e as canções que consome a juventude hoje são o puro diabo (ou, como escreveu, “a bestialidade, o grotesco, a malícia e a superstição”)?

O «puro diabo» é muito pior do que os videogames, os desenhos animados e as canções. Mas não há dúvida que algumas dessas coisas promovem vários vícios. Aliás nem se dão ao trabalho de o esconder.

Não deve à juventude favorecer-se a imaginação?

Os jovens devem ser rebeldes e imaginativos e confrontar-se com as regras dos mais velhos. O que está errado hoje não são os jovens, que são iguais aos de sempre, mas os velhos que querem ser jovens e se acham rebeldes e imaginativos e demitem-se do seu papel.

Defenderia o regresso da reguada à sala de aula?

Claro que não. Eu, felizmente, já não sou desse tempo.

Os seus alunos têm-lhe medo ou tratam-no como estrela?

O melhor é perguntar-lhes. Mas penso que nem uma coisa nem outra. Tratam-me como professor.

O que nasceu primeiro: o homem polémico ou o comentador?

O comentador nasceu muito antes do primeiro homem polémico.

É a possibilidade de polémica que o motiva maioritariamente a dar opiniões?

Eu nunca procuro ser polémico. Aliás procuro que as minhas opiniões são o mais normal e banal possível. Depois constato, sempre divertido, que nos tempos que correm o normal é polémico porque o aberrante se tornou banal.

Vi muitos blogs que falam de forma acesa contra si, mas curiosamente nenhum que o defenda. Por que é assim?

Se fizer a mesma busca relativamente ao Papa encontrará igual situação o que, salvas as devidas distâncias, me dá muito conforto.

Como ficou o processo de difamação que lhe moveu a Opus Gay quando escreveu no DN que a pedofilia é sempre um caso de homossexualidade?

Eu nunca escrevi que «a pedofilia é sempre um caso de homossexualidade», o que seria enorme disparate. Os meus textos estão publicados e republicados e nunca lá encontra isso. É bom não acreditar na propaganda. Esse processo de 2003 foi até ao fim e eu fui julgado em tribunal e absolvido no passado dia 1 de Março de 2007. Achei muito curioso, mas previsível, que a minha absolvição tenha passado despercebida depois de todo o barulho que os jornais fizeram à volta da acusação.

É um anti-europeísta de convicções estatísticas. Continua a acreditar que a Europa está em vias de extinção?

Eu não sou anti-europeísta. Pelo contrário, sou um fervoroso europeísta que sofre muito com os terríveis erros políticos e culturais que põem em risco o futuro da Europa. Quem diz que a Europa está em vias de extinção são os estudos demográficos, que me limito a citar.

Não teme ser tenebroso?

Existe uma personagem tenebrosa chamada «César das Neves» que povoa muitos blogs e conversas por aí. Eu conheço-a muito mal porque não frequento esses meios. Mas quando ouço falar dela (como, por exemplo, através destas suas perguntas), fico sempre surpreendido com os disparates que diz. Nunca concordo com ela.

Durante a campanha de condenação do aborto fez mais amigos ou inimigos?

Não faço ideia. Espero ter contribuído para evitar a morte de alguns pequenos amigos.

Reduz realmente o corpo da mulher “às duas razões mais próprias da glória feminina: o encanto da virgindade e a grandeza da maternidade”?

Eu não reduzo nada a coisa nenhuma. Quem reduz um longo e meditado artigo a uma pergunta estúpida foi a senhora.

Acha realmente que Elvis estava a pensar em Deus (como sugeriu no DN de 27.3.06) quando escreveu “You’re always on my mind”?

Não foi o Elvis que escreveu esse artigo. Fui eu.

Deus existe mesmo só porque não é possível provar a sua existência?

Deus existe mesmo e é possível provar a sua existência.

Estudou 67 aparições “e detalhadamente 36 delas”. O que o fascina na hipótese de Nossa Senhora?

O que me fascina Nela é precisamente aquilo que fascina todos os portugueses há séculos. Em Portugal são os que não se fascinam com Nossa Senhora que têm de explicar a sua estranha atitude.

Qual é o seu best seller publicado na Agência Ecclesia?

Não sabia que tinha um best seller publicado na Agência Ecclesia.

Também acha que “Tintin no Congo” é um livro racista?

Claro.

Acha que a Cuba sem Fidel vai ser o quê?

Uma tristeza.

E os EUA: em 2008 vão ser da mulher Clinton ou do primeiro afro-americano Obama?

Nunca faço previsões eleitorais.

Nas férias escolhe desligar-se da realidade ou continua à procura de coisas sobre as quais discordar ou concordar?

As férias são o período em que a ausência de alunos dá tempo para trabalhar.

Procura paragens medievais de sombra ou atira-se ao sol aberto das praias liberais?

As duas coisas. Gosto de férias equilibradas.

Que leituras recomendaria ao primeiro-ministro agora que ele está de férias no Algarve?

O relatório do Banco de Portugal.

Nem nas férias há almoços grátis?

Claro. Aliás com os preços actuais isso é mais verdade que nunca.

Quais são os seus secretos pecados prazeres?

Se lhe dissesse deixariam de ser secretos. Mas perder tempo a responder a perguntas de jornalistas é um desses prazeres.

 


publicado por JN às 03:53

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