Simpatia é substantivo eufémico para caracterizar Teresa Caeiro, 39 anos convictamente dedicados à Direita. A deputada do PP, que foi governadora civil de Lisboa, que é neta e filha de militares e sobrinha de Cesariny, é sobretudo uma mulher com garra - e com luz. De energia acelerada e genuíno humor.
Mãe solteira, defendeu a despenalização do aborto e apoia o casamento entre homossexuais. A tradição nos partidos democratas-cristãos já não é o que era?
Não quer antes fazer-me uma entrevista sobre política de saúde? [risos] A forma como se aborda a política é que já não é a mesma. Há uma sobrevalorização, na imprensa, das questões ditas fracturantes.
A sua mente aberta é um estorvo no seio do CDS/PP?
Para algumas pessoas, imagino que sim. Mas não o é para as pessoas que interessam.
Nunca se questionou sobre se a ideologia do seu partido é aquela com que realmente mais se identifica?
No essencial, considero-me uma pessoa de Direita. Só que essa Direita não corresponde à ideia de Direita que a Esquerda quis transmitir ao longo dos anos.
Qual é essa ideia?
Qual é o contrário de mente aberta? É a ideia de que a Direita é tacanha, retrógrada, sem preocupações sociais. Isto não é pura e simplesmente verdade.
Mas já lhe disseram que parece mulher de Esquerda?
Só diz isso quem tem uma ideia errada do que é a Direita. Simone Weill, mulher indiscutivelmente de Direita, lutou muito pela descriminalização do aborto. E eu vou lutar para mostrar que a Direita não é retrógrada.
Mais de metade dos portugueses reprovam as relações homossexuais, indica um estudo recente. Choca-a?
É assustador. Numa democracia saudável, era o que mais faltava não se aceitarem as escolhas individuais de cada um, desde que elas não colidam com outras liberdades e outros direitos.
Está quase sempre disponível para os desafios dos jornalistas. Até já a vimos comprar roupa na H&M. A educação nunca lhe permite dizer "Não, obrigada"?
[Silêncio] Boa pergunta. Tento não levar-me muito a sério. Não defendo melhor as minhas causas se for sisuda. E, sobretudo, ensinaram-me a não deslumbrar-me comigo própria.
Há algum traço da sua personalidade que reflicta o facto de ser filha e neta de militares?
Essa referência resulta da escolha que Paulo Portas fez, em 2004, para que eu fosse a secretária de Estado da Defesa. Não é definitivamente uma referência essencial para me definir.
Nessa altura [formação do Governo PSD/CDS-PP], a sua súbita nomeação para a Secretaria de Estado das Artes e Espectáculos foi catalogada como sendo caricata, surreal, paródia, uma trapalhada. Para si, foi o quê?
Foi tudo isso.
Foi o momento mais desconfortável da sua vida política?
Provavelmente. Num minuto, tive que escolher se salvaguardava a minha imagem pessoal ou se tentava evitar mais um embaraço ao Governo, que ia ser constituído já com fragilidades.
Permite-se ter um candidato preferido para a liderança do PSD?
Não, não me permito. Os outros partidos também não devem pronunciar-se sobre escolhas de candidatos do meu partido.
Fica irritada quando lhe dizem que é betinha?
[Risos] Fico, porque não corresponde à verdade. Corresponde ao contexto em que nasci e cresci, mas não à minha essência.
É tratada por Teggy. De onde vem o nome?
[Risos]Quando nasci, a minha mãe quis chamar-me Teresa e o meu pai Margarida. Fiquei Teresa Margarida. O meu avô materno, que eu adorava, achou que era um nome inconcebível e arranjou-me esse "petit-nom".
Afirmou que "para ascenderem profissionalmente, as mulheres têm que ser irrepreensíveis". Vê-se assim, como sendo irrepreensível?
Não. Por isso é que continuo a ter que carregar com as tendências, por vezes machistas, que ainda persistem.
Vai ao Rock in Rio outra vez?
Espero que sim.
Porque gosta de festivais de Verão, de música ou da vertente social deste festival em particular?
O que acha?! [risos] Este ano porque quero ver a Amy Winehouse.