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Domingo, 6 de Abril de 2008

Rui Zink: "Sou a favor do casamento, mesmo que com sacrifício da felicidade"

 

Podia ter sido artista plástico, como os pais, consagrar-se como cartoonista, uma das suas paixões, ou rentabilizar os cursos de escrita criativa, que parecem existir desde sempre, mas de que foi ele o inventor. Rui Zink, 47 anos, professor universitário e escritor, optou, no entanto, por ser apenas Rui Zink. O nome basta para saber quem é.

 

 

Se antigamente já reclamava que toda a gente escrevia romances, contos ou poemas, que tolerância tem agora para a blogosfera? É aquela história do elefante: se um incomoda muita gente…? 
Eu nunca reclamei. Uma personagem de um conto meu – brilhante, por sinal – diz e “pensa” isso. Noutro um jovem vê Portugal a afundar-se sob a força do mar. E noutro texto o “eu” narrador é um pobre diabo com corninhos, tridente e tudo. Tanto quanto sei, só este último livro é autobiográfico.

 

Devia ser reservado direito de admissão para a produção criativa? 
Não. Quem iria fazer de júri?


A verdade é que também escreve. Escreveu que "um escritor é sempre um filho das pancadas do seu tempo". Quais foram as suas? 
Tristeza, solidão, paranóia, dificuldade de comunicar, tartamudez erótica, perda de referências, a percepção (talvez errada, haja fé) de que a qualquer instante um terramoto pode abalar ou mesmo abater os alicerces da nossa existência. 


O que há de tão extraordinário nos dramas conjugais para os ter transformado num dos temas de eleição dos seus livros? 
Bem, poderia falar de sexo louco, da delícia de ser militante do PS ou da guerra colonial. Mas aprendi cedo a só falar do que conheço por experiência própria.


O seu livro "Pornex" [Etc & tal, 1984], sobre "pornografia experimental portuguesa", revelava já o seu lado subversivo?
Indicia, espero eu, que me move mais o prazer de ajudar a pensar (e, prontos, de chatear um bocadinho) do que o apetite por fazer dinheiro. Embora também consuma deste produto, com mais moderação do que gostaria. (A propósito, esta entrevista é paga?)


Poderia ter sido pintor em vez de escritor, como os seus pais. Apesar da herança (e da vocação), declinou a possibilidade. Ainda assim, investe em arte? Gosta de cumprir o roteiro das galerias, dos museus? 
Parece-me um elementar acto higiénico confrontarmo-nos sazonalmente com formas de ver o mundo que o tentam dizer de formas que nunca vimos. Apanha-se com muita areia, mas quando há encontro entre uma pessoa e um quadro podemos dizer que “Deus acontece”. Além disso as exposições em galerias são gratuitas e as dos museus compensam e, para quem está apertado, costumam ter um dia grátis.  


Ainda guarda os desenhos das suas primeiras exposições? Alguma vez vendeu algum? 
Nem livros consigo vender, snif!, quanto mais quadros… Passo a vida a ser cumprimentado por gente que diz que gosta muito de mim como escritor mas nunca “teve tempo” para ler nenhum livro meu. Na tentativa de compensar esta lacuna na cultura geral dos meus conterrâneos, dou comigo a ir às livrarias inserir páginas minhas em exemplares do José Rodrigues dos Santos.


A preocupação permanente (de todos) com a política americana é uma forma de esquecer a nossa ou de perceber o que se seguirá aqui dentro de instantes? 
Todos devíamos poder votar nas eleições americanas. Eu disse: todos. E como de costume vou perder, voto Hillary. 

O slogan "yes we can" é a única coisa de que não gosta em Obama? 
 
Prefiro Hillary a Obama porque ela já me provou, ao longo de muitos anos, que pensa pela sua própria cabeça e tem um projecto. Se fôssemos a julgar os candidatos pelas suas competências, nem era preciso ir a votos. Mas ela paga por o melhor presidente americano dos últimos 50 anos (tanto para a América como para o mundo) ter mentido em relação a uma coisa sobre a qual é nosso dever, a bem da felicidade humana, mentir.


As eleições americanas estão condenadas a ficar reduzidas a um duelo entre uma loura e um negro? 
Está a esquecer-se do idoso, que talvez limpe o prémio. 


Mas acha que "o machismo é mais forte do que o racismo"? 
Eu não acho nada, limito-me a constatar. Obviamente que este meu candente pensamento se aplica a estas eleições americanas, não à África do Sul no tempo do apartheid. Nem a Portugal 2008. Cá acho que – com a excepção do futebol – o racismo ainda é mais forte que o machismo. 

Neste Portugal 2008, o formato do programa "Noite da má língua" (SIC) está ultrapassado ou já não há aquela liberdade de expressão? 
Sim, o formato está ultrapassado. Um grupo de pessoas a divertirem-se e a divertirem, dizendo o que pensam sem o mui patriótico receiozinho das consequências, e sem que lhes possam controlar o discurso, porque (para o bem ou para o mal) o programa é em directo? Isso hoje em dia já só faz sentido para falar de futebol. E mesmo aí… 

Foi o melhor programa de crítica social na televisão dos anos 90?
Não, é a Quadratura do Círculo (SIC/TSF). A prova é que nós acabámos e eles permanecem. Agora com António Costa a substituir Jorge Coelho, segundo o sábio critério de ter lá alguém próximo da actual direcção de qualquer dos três principais partidos de centro-direita. Também gosto muito de ouvir o António Vitorino às segundas. 


Acontece-lhe acordar com saudades do que foi? E acontece-lhe não se encontrar? 
Todos os dias busco coisas que já não encontro. E hoje dá mais trabalho entusiasmar-me. E há pessoas que desaparecem, e isso mata-nos um pouco. Por outro lado, todos os dias encontro caras novas – algumas bem larocas. 


Já está naquela em que "nos tornamos razoáveis, até um bocadinho conservadores"? 
Ora aqui está, finalmente, uma excelente pergunta.


Conservador a que ponto? 
Sou a favor da instituição casamento, mesmo que com sacrifício da própria felicidade. Antigamente era só a favor da união de facto com sacrifício da própria felicidade. 


Ainda é viciado em jogos de vídeo? 
Sim. E entristece-me que os salões de jogos, espaços conviviais onde se podia jogar a um amistoso bota-fora, estejam a definhar.   


Qual é, na vida, a sua "palavra mágica"? 
Obviamente, os nomes dos que me são queridos. Também gosto muito da palavra “tartamudez”, porque tartadiz tudo.

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publicado por JN às 03:46

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